26 de novembro de 2019

A história da strain White Widow

A White Widow é sem dúvida uma das mais bem sucedidas variedades de cannabis comercializadas no mercado. Talvez seja também por isso que sua história é tão problemática.

Esta planta ganhou vários prêmios desde o seu nascimento em 1994, incluindo o prêmio principal da High Times Cannabis Cup de 1995. Conhecida por ser altamente resinosa e extremamente potente, a planta tem a capacidade de humilhar até o mais experiente fumante. Por sua crescente melhora na qualidade, esta variedade tem sido usada na fabricação de inúmeros novos híbridos.

O nome White Widow (Viúva Branca, em tradução livre) é geralmente ligado a vários criadores diferentes. Porém hoje, a variedade se difundiu e quase todos os bancos de sementes oferecem a sua própria versão da planta. A batalha sobre quem realmente inventou a strain se transformou em uma luta política, dividindo o público em dois lados. Alguns acreditam que a White Widow foi descoberta por um homem chamado Ingemar. Já há outros que ficam do lado de outro criador habilidoso, conhecido como Shantibaba. Embora a história desta planta seja complicada e envolva dúvidas, apenas um pode ser credenciado como criador da Viúva. Nossa pesquisa leva-nos a acreditar que essa pessoa é de fato Shantibaba, antigo coproprietário da Greenhouse Seeds e fundador do The Mr Nice Seedbank, por razões que explicarei neste artigo.

Como surgiu?

Em 1994, Shantibaba e seu parceiro holandês, Arjan, fundaram a Green House Seed Company. Pouco depois da criação da marca, Shantibaba apresentou a cepa White Widow ao público. O pedigree deste famoso híbrido de sativa / indica é composto por uma mãe sativa brasileira pura e um pai híbrido de Kerala, no sul da Índia.

As origens exatas da planta-mãe permanecem um mistério, mas o palpite mais aceito é que poderia ser a clássica Manga Rosa, que tem uma longa história de uso espiritual. O pai foi descoberto durante uma viagem de Shantibaba á Índia. Lá ele foi abordado por um homem que, após dividirem um baseado, levou-o até sua fazenda nas montanhas Kerala. O fazendeiro apresentou-o a um híbrido indica seletivamente cultivado e criado para produção de resina em sua aldeia. Depois de vários dias testando as plantas do fazendeiro indiano, Shantibaba partiu para a Holanda com um lote de novas sementes. E foi a partir dái que logo descobriu o macho para seu cruzamento de White Widow.

Durante o tempo em que Shantibaba ainda era o co-proprietário da Green House Seeds, ele criou vários híbridos novos e superiores enquanto trabalhava ao lado de Neville Schoenmaker (o pai dos bancos de sementes holandeses) em projetos conjuntos. Algumas das plantas que eles usaram pertenciam a estoques que datavam dos primeiros dias do banco de sementes que o próprio Neville havia fundado. Mais tarde, este mesmo banco passou a ser a Sensi Seeds sob a direção de novos donos. Durante o tempo em que a White Widow foi criada, Shantibaba e Neville concentraram-se no desenvolvimento da nova strain. Arjan por sua vez, que não era um grower, ficou encarregado da divulgação e das vendas.

strain white widow
Strain White Widow

O começo da batalha pelo título de criador da White Widow

Depois de conflitos de interesses entre os dois proprietários, Shantibaba vendeu sua metade da Green House Seed Company para Arjan em 1998 e partiu para a Suíça para formar o Mr. Nice Seedbank em colaboração com Howard Marks e Neville Schoenmaker. Dispensando as táticas um tanto teatrais de seu ex-parceiro e agora concorrente, Shantibaba então se concentrou em fornecer aos cultivadores cepas de qualidade superior, fossem variedades já conhecidas ou novas. A qualidade excepcional de seus produtos é incontestável. Ele começou a produzir a Widow sob a bandeira de sua recém-formada marca e deu-lhe o nome de Black Widow, já que o nome White Widow já estava sendo comercializado por Arjan na Green House Seeds.

Segundo uma entrevista para a revista alemã Cannabis Grow, um criador chamado Ingemar também é credenciado com a invenção da linhagem White Widow. É aqui que a história da planta se torna problemática. Ingemar aparentemente estava trabalhando em algumas cepas para a Green House Seed Company no passado, como faz hoje em dia. Ele possivelmente teve uma participação no desenvolvimento da White Widow, mas aparentemente não em descobri-la. Apesar de ter apoio substancial da comunidade de growers holandeses, há poucos dados históricos que apoiam sua versão da história.

Os dois lados da história

Ingemar diz que as sementes da White Widow foram acidentalmente encontradas em meio a um lote de haxixe e que a cepa foi então trabalhada por cerca de seis anos antes de ser lançada. Se isso for verdade, o nascimento da Viúva pode ser datado em 1988, embora não haja registros para confirmar isso.

As primeiras descrições da White Widow foram feitas pelo próprio Shantibaba em 1995, enquanto ele ainda trabalhava na Green House. A linhagem declarada para a White Widow também está de acordo com o que Shantibaba diz. Assim, conclui-se que o material genético usado para criar a White Widow originou-se do estoque encontrado na Green House Seed. Porém, na época que Shantibaba e Neville tiveram acesso e refinaram. Ingemar não divulgou até hoje nenhuma informação detalhada, além de duas próprias palavras, sobre a Viúva ou forneceu qualquer prova de que a planta realmente veio dele. O grau de envolvimento dele na criação dessa cepa altamente respeitada pode nunca ser comprovada sem uma investigação mais aprofundada.

Por outro lado, Shantibaba, tem sido bastante aberto sobre a origem desta maravilhosa planta. Ele também parece muito familiarizado com a Viúva e seus pais. Indo pela linha de raciocínio que escolhemos aqui, uma coisa parece permanecer indiscutível, e é que Shantibaba ainda tem posse dos verdadeiros pais da strain White Widow que existe atualmente. Isso faz sentido se acreditarmos que ele foi o descobridor da variedade. Os pais de sua criação estão guardados em segurança no banco de clones da MNS. Isso também indica que ele sozinho é capaz de reproduzir o híbrido que foi lançado inicialmente há 15 anos. Ou seja, a maioria das outras Widows devem basear-se em descendentes desta planta e provavelmente foram cruzadas com outras variedades.

Surgem novas evidências

Outra evidência para apoiar esta teoria vem da própria planta. A planta da The Mr Nice Seedbank parece ter mais em comum com a White Widow que a Green House Seeds Company inscreveu na Cannabis Cup em 1995. Ingemar oferece a sua própria versão da White Widow e vários híbridos White Widow, como o notoriamente potente Ingemar’s Punch. Ele atualmente trabalha com Arjan na Green House, fornecendo-lhe material genético. Dentre o material fornecido, inclui-se o que ele alega ser a Viúva original. Por mais potente que seja, a autenticidade e composição genética desta versão da Viúva permanecerão um mistério até sermos iluminados por Ingemar. Contudo, sua contribuição substancial para as variedades oferecidas pela Green House Seed Company não deve passar despercebida.

Shantibaba descobriu muitas de suas linhagens enquanto trabalhava sob o selo Green House. Porém, aparentemente nunca compartilhou o estoque parental de suas linhagens com ninguém. A Green House Seed, no entanto, oferece muitas das cepas dele e Neville, alegando serem o que há de melhor. As mais notáveis ​​destas linhagens são: White Widow (Black Widow), White Rhino (Medicine Man), Great White Shark (Shark Shock), El Nino (La Niña), Neville’s Haze e Super Silver Haze. Ironicamente, muitas dessas plantas acumularam uma quantidade impressionante de prêmios para a Green House ao longo dos anos.

Porém, ninguém muda o fato de que todas essas plantas podem ser rastreadas até os criadores originais Shantibaba e Neville. Inclusive, na tentativa de evitar confusão, renomearam algumas de suas linhagens. Apesar de seus esforços, sempre houve muita confusão e ainda mais criadores surgiram alegando ter inventado a linhagem White Widow. A Green House Seeds Company não tem sido tão ativa no desenvolvimento de novas cepas nem fortalecendo as antigas, como Shantibaba. O foco da empresa parece ter mudado para feminizar seu estoque antigo.

Strain white Widow
Strain white Widow

White Widow nos dias atuais

Hoje, quase todos os criadores e bancos de sementes vendem sementes que afirmam serem a White Widow original. Em 1996, as empresas de sementes Nirvana e Dutch Passion compraram um pacote de sementes White Widow do próprio Shantibaba, na Green House Seed Company. Mas ninguém diria que um ano depois, lançariam suas próprias verões da Viúva.

Indiscutivelmente, todas as plantas são muito potentes e agradáveis. A questão é saber se todas as plantas de White Widow no mercado hoje podem ser consideradas puras, já que o único estoque parental verdadeiro permanece sob o cuidado exclusivo de Shantibaba e do Mr. Nice Seedbank. O porquê de tantos criadores diferentes afirmarem inventar esta variedade é intrigante, embora compreensível devido ao seu sucesso comercial.

Novos criadores continuam emergindo e reivindicando autoria sobre a linhagem White Widow. No entanto, há apenas uma pessoa falando a verdade, por mais nebulosa que essa verdade possa ser.


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